domingo, julho 24, 2011

Marselhesa: um hino de briga

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Rouget de Lisle canta a Marseillaise na casa do prefeito de Estrasburgo.

A Marselhesa, da França, é considerada por muita gente o hino mais bonito do mundo. A música realmente é uma beleza, mas a letra é uma feroz declaração de guerra. Fala em "estandarte ensanguentado da tirania", diz que os inimigos estão a caminho para "degolar nossos filhos, nossas mulheres". No fim, conclama os franceses: "Às armas, cidadãos! Formai vossos batalhões! Marchemos, marchemos". Faz todo o sentido. O autor, Rouget de Lisle, era oficial do Exército quando a compôs, em 1792. O título original era Canto de Guerra para o Exército do Reno.

Acabou rebatizada e adaptada como hino nacional em 1795, mas o gosto de sangue permaneceu. O curioso é que De Lisle, maçom e republicano, quase foi parar na guilhotina no Período do Terror (1793-1794). Foi salvo por sua canção - ela era tão popular que sua vida foi poupada. Você quer ouvir? Clique aqui.
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sábado, julho 16, 2011

Quem tem medo da verdade, da História e da memória?

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Esse texto do cinesta Sílvio Tendler publicado no jornal O Globo de 24 de junho de 2011, mostra que não podemos nos calar e aceitar certos tipos de censura que tentam nos impor. Para se construir um país livre é preciso lutar para conhecer a sua história e não cultivar falsos heróis. Leiam e façam suas próprias conclusões. Como já dizia o grande Bertold Brecht: "Infeliz é o povo que precisa de heróis."

"Estamos assistindo, perplexos, à enorme conspiração contra a verdade, a História e a memória.

O Ministério da Defesa, o Ministério das Relações Exteriores, dois ex-presidentes da República, políticos de diferentes matizes, se unem para que o Brasil não conheça a sua verdade.

Já é difícil fazer filmes, livros e peças de teatro sobre personagens reais, mesmo os de vida pública, sem autorização do próprio ou de familiares e herdeiros. Agora, a pá de cal chega com a intenção de trancafiar documentos para que a verdadeira história não se revele.

E quem orquestra essa trama contra o futuro do Brasil? Sim, porque povo sem memória é povo sem futuro, e estaremos sujeitos eternamente a sermos alimentados por contos da carochinha. Mas, afinal, o que querem esconder de nós? Quem bateu, torturou, mandou prender e arrebentar? Quem negou passaportes, quem expedia os tenebrosos atestados ideológicos, que impediam o acesso à escola ou ao emprego?

Querem nos impedir de saber a verdade sobre a Guerra do Paraguai, ao que parece, uma verdadeira carnificina praticada para atender a interesses de poderoso banqueiro inglês. Resistirão almirantes, generais e marechais à lupa da História? Suas biografias corresponderão às narrativas descritas nas pinturas das grandes batalhas?

Os que nos negam conhecer a verdadeira História do país são cúmplices das carnificinas, dos torturadores, dos alcaguetes a soldo do Estado; dos que ordenaram censurar jornais, revistas, peças de teatro e músicas.

Não podemos nos calar e aceitar como fato consumado essa violência da censura que tentam nos impor. Construir um país livre representa lutar para conhecer a História. Não queremos cultivar falsos heróis e, a partir de hoje, personagens da História oficial estarão sob suspeita, enquanto não nos deixarem conhecer os documentos que abrigam verdades, que, mesmo dolorosas, devem ser reveladas."
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sábado, julho 09, 2011

Cidade de Ouro Preto completa 300 anos

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A cidade, que é patrimônio cultural da humanidade, nasceu com a exploração das minas de ouro, um marco na ocupação do interior no Brasil.

A cidade mineira de Ouro Preto, patrimônio cultural da humanidade, completou nesta sexta-feira (8) 300 anos. O repórter Ismar Madeira conta como essa trajetória refletiu momentos importantes na história do Brasil.

É uma viagem ao passado. Os casarões coloniais, as igrejas barrocas, a arquitetura do século XVIII. "Não esperava que fosse assim tão bonito como eu estou vendo agora", conta um homem. "Sem dúvida é uma riqueza muito grande", afirma uma mulher.

Ouro Preto nasceu como Vila Rica, lugarejo erguido a partir da exploração das minas de ouro, um marco na ocupação do interior do Brasil. "Toda a ocupação litorânea, que são os dois primeiros séculos do descobrimento do Brasil, há uma mudança com o descobrimento do ouro. E é exatamente Vila Rica o ponto principal", explica a pesquisadora Carmen Lemos.

"Sobre a triste Ouro Preto, o ouro dos astros chove". O verso do escritor Olavo Bilac, que morou na cidade, descreve o pôr do sol em Ouro Preto. Nos livros, começa a ficar registrada definitivamente, no século XIX, outra riqueza da cidade: a cultural.

No Museu da Inconfidência, um dos primeiros dicionários da nossa língua impressos no Brasil, a prensa em madeira torneada, as mais antigas chapas de impressão de texto existentes no país.

A novidade tecnológica, neste século, resgatava a história de um herói que viveu em Ouro Preto. "No século XIX, a literatura vai ser responsável pela difusão do Tiradentes, do movimento da inconfidência. A imprensa, a partir do movimento republicano, ela vai difundir isso para todos os leitores", explica a especialista em literatura Francelina Drummond.

Riqueza histórica reconhecida no século XX. Em 1933, Ouro Preto é decretada monumento nacional por Getúlio Vargas e, em 1980, ganha da Unesco o título de patrimônio mundial.

"É arte pura. Em qualquer canto que você olha, qualquer ângulo que você olha na cidade você tem um cartão postal, você tem uma imagem que te traz beleza, te traz história", diz o professor Valmir Souto.

A aniversariante chega linda aos 300 anos, mas não para de crescer, mudando a paisagem. E precisa de cuidados contra a ação do tempo. Agora, no século XXI, o desafio é manter a preservação. "Preservar a história. Não só os casarios, não só esse patrimônio material. Mas a cultura de maneira geral", conta a historiadora da Ufop Maria do Carmo Pires.

Fonte: g1.globo.com/jornal-nacional/

Saiba mais sobre Ouro Preto em: Um passeio pelas cidades históricas mineiras.
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quinta-feira, julho 07, 2011

A Teoria da Relatividade e o sol do Ceará

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Albert Einstein não seria o mesmo sem o "radiante céu do Brasil", nas suas próprias palavras.

A sua Teoria Geral da Relatividade, publicada em 1916, só foi comprovada três anos depois por uma equipe internacional de astrônomos que veio a Sobral (CE) para acompanhar um eclipse total do Sol.
Ajudados pelo fenômeno, os astrônomos puderam observar o desvio na trajetória da luz das estrelas, segundo as coordenadas previstas pelo alemão, atestando que a massa (naquele caso, do Sol) distorce o espaço e o tempo no seu entorno.

Foi aí que a sua fama explodiu, antes Einstein era apenas um físico desconhecido. Um outro grupo de astrônomos foi enviado para São Tomé e Príncipe com esse mesmo propósito, mas o céu nublado de lá não ajudou. Hoje para homenagear esse fato, a cidade de Sobral tem até um
Museu do Eclipse. Veja outra postagem sobre Einstein aqui neste blog.
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segunda-feira, julho 04, 2011

A maior relíquia da história cristã

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Especialistas acreditam que conjunto de 70 livros encontrados em uma caverna da Jordânia podem conter relatos dos últimos anos da vida de Cristo

Um achado arqueológico está gerando polêmica entre especialistas em história religiosa. A localização de 70 livros feitos de placas de chumbo em uma caverna na Jordânia foi anunciada como "a maior descoberta da história cristã". Os códices, do século I, trariam relatos dos últimos anos da vida de Jesus Cristo. Muitos pesquisadores estão céticos.

Os códices teriam sido encontrados há cinco anos em uma região onde cristãos se refugiaram depois da destruição do Templo de Jerusalém, no ano 70. Alguns dos volumes estão selados, o que deu margem à especulação de que se trataria de uma coleção secreta mencionada no Livro da Revelação, da Bíblia.

O britânico David Elkington, escritor e pesquisador de arqueologia religiosa, foi um dos únicos a analisar pessoalmente os códices e foi categórico ao atestar sua autenticidade. Segundo ele, testes de datação confirmaram que os livros têm 2 mil anos. Mas outros especialistas são mais cautelosos. Steve Caruso, tradutor de aramaico, analisou as fotos dos códices e declarou que eles trazem inscrições em línguas do século I e III, mais recentes, portanto, que a época de Jesus. Peter Thonemann, arqueólogo de Oxford, também encontrou anacronismos em algumas das imagens.

Texto de Graziella Beting, jornalista e tradutora.
Revista História Viva
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