Atendendo a sugestão da minha amiga Giovana do blog Sons do Pensamento, publico aqui um dos mais importantes acontecimentos da história política do Brasil e que completa 77 anos no dia 9 de julho, a Revolução Constitucionalista de 1932. Vamos aos fatos. E desejando um ótimo feriado para todos os paulistas!
"A revolta do povo paulista começou quando Getúlio Vargas, não respeitou a autonomia de São Paulo, e ameaçou reduzir seu poder dentro do próprio Estado, nomeando um interventor de fora, não conservando seu Governador. A mudança afetou de tal forma a estrutura social existente que não somente a camada dominante foi apeada do poder, mas também todas as camadas se desintegraram de maneira diferente.
O Estado havia sido base política do regime da Primeira República, e assim era visto como um potencial foco oposicionista. A morte de quatro estudantes paulistas, em maio de 1932, em um conflito com as forças legais criou mártires: Miragaia, Martins, Dráusio e Camargo. A inicial do nome dos quatro foram usadas para designar o MMDC, movimento paulista que tramava derrubar o governo. Movimento que marcou a vida de milhares de paulistanos. Assim a idéia de revolução tomou conta de todos. Partidos políticos que eram rivais estavam unidos; o descontentamento geral aumentou e houve o envolvimento das massas populares; a ação armada militar contou com o apoio dos militares do Mato Grosso, que se manteve leal ao Estado de São Paulo. Então multidões saíram às ruas, militares foram enviados ao front em todo o Estado. A FUP (Frente Única Paulista), formada pelos dois principais partidos políticos de São Paulo, o PRP (Partido Republicano Paulista) e o PD (Partido Democrático) exigiam a devolução da autonomia política a São Paulo, com a nomeação de um interventor paulista e civil, e a reconstitucionalização do país.
Foi o mais violento choque armado ocorrido no Brasil, e a maior mobilização popular de sua história. As Tropas Paulistanas, com um povo desabituado a suportar tiranias, lutaram praticamente sozinhas contra o resto do país. Para sustentar a luta serviu-se São Paulo de seu grande aparelhamento industrial e um contingente de 35 mil soldados. Mas com o porto de Santos bloqueado, sendo atacado em suas divisas pelas tropas federais que eram mais numerosas e bem equipadas, e aviões bombardeando cidades do interior paulista, a resistência de São Paulo durou três meses, cessando a luta fratricida. Prisões, cassações e deportações se seguem à capitulação. A luta armada dos constitucionalistas ficou restrita ao Estado de São Paulo, e foi o maior confronto militar do Brasil no século XX.
Mesmo com a derrota paulista, a importância do movimento é incontestável, sua principal reivindicação foi atendida com a organização, no ano seguinte, por uma comissão composta de ilustres brasileiros, de um anteprojeto de Constituição. Uma Assembléia Nacional Constituinte, eleita pelo povo promulga em 1934, a nova Carta Magna."
Bibliografia:
Revolução Constitucionalista de 1932: A Era Vargas, FGV - GPDOC www.cpdoc.fgv.br
Vianna, Hélio - História do Brasil, 4ª ed. - São Paulo: Melhoramentos, 1966.
Rocha, Geraldo. "Tradições democráticas de São Paulo".
Bigeli, Alexandre. "Revolução Constitucionalista de 1932".
MEU COMENTÁRIO:
Embora esse movimento tenha nascido de reivindicações das elites paulistas, ele teve também uma grande participação popular através da utilização dos meios de comunicação de massa para mobilizar a população. Os jornais de São Paulo faziam campanha pela revolução, assim como as emissoras de rádio, que tinham uma audiência bem maior. Até hoje, a história da Revolução de 32 não é muito bem contada. Ou, pelo menos, é contada de duas formas. Através da versão dos governistas (getulistas) e a dos revolucionários (constitucionalistas). Durante muito tempo, a versão dos getulistas foi a mais divulgada nos livros escolares, mas hoje, com uma maior participação dos professores na escolha do material didático, essa história também é contada sob a visão dos rebeldes.
Gostaria de citar também que a Revolução de 32, jamais foi abordada em nenhum filme nacional. O mais próximo que esse conflito chegou nas telas foi na novela “Éramos Seis” e na minisérie “Um Só Coração”. Assim como a Revolução Farroupilha e alguns conflitos tenentistas, a Revolta Paulista bem que poderia dar um ótimo filme, a história tem intrigas, guerra e paixão por uma causa.
Postado neste blog por Adinalzir Pereira Lamego